Não há muito, andar com uma lancheira era algo, eufemismos à parte, foleiro. Era admissível em casos pontuais: para levar algo para comer em viagens ou na praia, para os mais pequenos levarem o lanche... Mas para a grande maioria dos mortais, andar com uma lancheira diariamente era um verdadeiro golpe no look, digno de envergonhar o/a mais confiante fashionista!
Tudo isto se esqueceu no momento em que a crise nos agrediu. A poupança que uma simples lancheira permitia, carregando o almoço que de outra forma deixaria o bolso mais leve, foi subita e necessariamente valorizada. É uma história com um início infeliz esta da ascensão das lancheiras, mas uma história que, prometo, tem um subtil quê de ternura e um final feliz.
Romanceando a utilidade de um acessório revestido de aparente simplicidade, sou da opinião que quem tem uma lancheira tem uma pequena amiga (nunca são demais!):
- Uma companhia que nos faz poupar;
- Uma companhia que nos permite ter controlo sobre a nossa alimentação, escolhendo antecipadamente o que comer, dos ingredientes ao processo de confeção, variando e adaptando menus aos gostos, necessidades e características de cada um;
- Uma companhia que nos afasta de tentações – o “vou ali almoçar qualquer coisa” significa, regra geral, comer fritos, sandes com molhos, hambúrgueres,... Algo que se traduz numa refeição rápida, com elevada densidade energética e reduzido valor nutricional;
- Uma companhia que possibilita, em parte, uma afirmação pessoal, que mostra que sabemos o que queremos e não temos receio de o mostrar.
Resumindo, uma boa companhia, uma amiga discreta e desinteressada que muito dá e nada cobra!
Hoje, as lancheiras chegam-nos nos mais diversos formatos, com cores que saltam logo pela manhã nas telas das ruas, na azáfama do início de um dia de trabalho... As lancheiras vieram para ficar! E a carteira, a saúde e a linha agradecem!
Catarina Pacheco
Nutricionista
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